23 de novembro de 2011

Natália Correia

Cosmocópula
I

Membro a pino
dia é macho
submarino
é entre coxas
teu mergulho
vício de ostras

II

O corpo é praia a boca é a nascente
e é na vulva que a areia é mais sedenta
poro a poro vou sendo o curso da água
da tua língua demasiada e lenta
dentes e unhas rebentam como pinhas
de carnívoras plantas te é meu ventre
abro-te as coxas e deixo-te crescer
duro e cheiroso como o aloendro.

20 de novembro de 2011

Alice Ruiz

Teu corpo seja brasa

teu corpo seja brasa
e o meu a casa
que se consome no fogo

um incêndio basta
pra consumar esse jogo
uma fogueira chega
pra eu brincar de novo

16 de novembro de 2011

Giusta Santini

Mulheres têm medo de cobras
de lagartas, baratas
Mas não têm medo daquilo
Que lá no fundo lhes toca.
Mulheres podem ser negras
ou pé de milho ou cegas
Mas reverberam com aquilo
(se são velhas)
E se são moças gostam de espigas
Negras
Ao invés de batatas nas suas bocas.

11 de novembro de 2011

Heinrich Heine

Que mundo grosso...

Que mundo grosso, gente avara,
– E mais e mais sem mais sabor!
Diz de você... o quê, amor?
Que não tem vergonha na cara.

Mundinho avaro, mundo cego,
Sempre disposto a julgar mal.
Seu beijo doce é meu apego,
Sem falar na ardência final.

6 de novembro de 2011

Nina Leonina

Assadura

Foi assim
De tanto roçar em mim
Assou
Passei hipoglós
Não passou
Tentei gelo, mais ardeu
Fiquei sentada de joelhos
Pernas abertas
Ventinho sul
Não refrescou
Tomei banho
Hidratante
Não adiantou
Rosa mosqueta
Nem pra pele de boceta
Saí de saia sem calcinha
Três dias depois passou.