23 de setembro de 2011

Jorge Lúcio de Campos

A origem do mundo

(a Gustave Courbet)

Há uma doença qualquer tagarela
nesse buço de quasares negros

ao meu lado; aqui comigo a carne
ferve aos poucos – cortes lentos

Mas por que não regurgita agora
a vulva cáqui linguaruda

sob a luz desenroscada
da manhã?

*

Poema paralelo às coxas

(a Regis Bonvicino)

de bruços
a penetro

casto
custo


*

A grande fachada

(a Wols)

Um passo à frente
algo simples – não

que procure algo –
apenas me esqueço

de que no raso da
nuca a espinha se

eriça – o velcro
do cu se abre no

afã de sempre –
hoje bem cedo

por toda parte
ou apenas isso.



2 comentários:

  1. Li seus poemas carnes celestiais, dai que eu concluo com outro:

    Todo homem tem vícios:

    Orifícios.

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  2. o olhar promissor
    transcendeu o verso mudo
    a imagem saindo da fotografia
    em preto e branco assim como a vida
    virou olhos de jade duas pérolas preciosas
    querendo partir-me para sempre de si mesma
    ao meio o ventre este que te carrega a(té) o fim

    tremo : trema não temas ferrugens
    entre os olhos fios fendas

    são espelhos abrindo os gestos em ti tão
    reveladores ancorada sobre o pulso
    escorrendo entre os dedos e ardem
    numa diáspora de dor onde ao avesso
    sem medo beijavas o vento teus cabelos
    pulsando suspiros a boca pulsando
    sem trégua do olhar pulsando
    cuja imagem preciso pulsar
    o corpo o olhar a boca

    www.escarceunario.blogspot.com

    ...............................

    sua poesia é cheiro de uvaia na solidão que se amplia...

    abraços poeta

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